Pelas características da sua atividade, o comércio contribui para o desenvolvimento da economia brasileira, ao levar para todo o País produtos e serviços que satisfazem necessidades e desejos de consumo de milhões de famílias. O setor constitui-se no elo entre a produção e o consumidor final, gerando oportunidades de negócios, empregos e renda. A importância do comércio na economia nacional destaca-se na formação do valor adicionado. Ano passado, o setor participou do PIB com mais de R$ 5,5 trilhões, agregando valor de aproximadamente R$ 571 bilhões, algo pouco superior a 10% do total. É mais do que o dobro da contribuição da Agropecuária (4,8%), corresponde à metade da participação da Indústria em geral (20%) e está acima do peso da Indústria de transformação (9,3%). As micros e pequenas empresas estabelecem a força motriz das atividades comerciais. Representam 99% dos estabelecimentos, absorvem 52,0% do volume de empregos, e respondem por 41,4% da massa de salários. Além disso, as empresas com até 49 empregados representam pouco mais de 40% do faturamento total do varejo. Nos últimos anos, as mudanças nas leis, as transformações econômicas, tecnológicas e globais imprimiram melhores condições para a sobrevivência dos empreendimentos, o que permitiu ao setor um crescimento extraordinário das vendas entre 2004 e 2012, acima da média de 8% ao ano, aproveitando a onda de consumo derivada do aumento do crédito, do emprego e da inserção social de recipientes de renda menor no mercado consumidor. No entanto, se até 2013 a situação ainda parecia caminhar bem para o comércio, o cenário mudou com as medidas anticíclicas adotadas pelas autoridades, para enfrentar a inflação e equilibrar as finanças públicas. Nesse contexto, destaca-se a elevação da taxa de juros, que reduz a competitividade do setor, diminui margens de lucro e retém investimentos. Não bastasse isso, o comércio vem enfrentando dificuldades também consecutivas, com o aumento de custos operacionais – como, por exemplo, o da energia elétrica –, com o peso da folha salarial e com a diminuição da procura, haja vista os consumidores apresentarem-se com orçamentos apertados e receosos quanto ao futuro no emprego. Os desafios do setor são inúmeros, a começar pelo enfrentamento das adversidades impostas pela conjuntura. Para isso, o comércio tem tomado medidas para se reestruturar, adequando custos, margens e estoques à realidade, o que explica as constantes liquidações praticadas até então. Por ora, as expectativas empresariais são cautelosas, até que os sinais indicativos da retomada sustentada do crescimento sejam consistentes. Neste contexto, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que este ano completa sete décadas de atividades, segue alerta e pronta para ensejar ações na defesa dos interesses do empresariado do setor, para que o comércio continue cumprindo com responsabilidade seu papel no desenvolvimento brasileiro. Fonte: Antônio Oliveira Santos (Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo- CNC) |